Como os profissionais picaretas podem perpetuar um problema simples de resolver
De uns anos pra cá, uma dorzinha intermitente nos joelhos (ora no
direito, ora no esquerdo) tem me atrapalhado em alguns exercícios. Já perdi a conta de quantos médicos já me deitaram na maca, me pediram exames e terminaram a consulta dizendo algo como “fortaleça, alongue e faça mais isometria”. Frases típicas de quem não entende patavinas de exercício físico. Um deles me aborreceu tanto que dediquei a ele um texto inteirinho em 2009.
O pior é que eu voltei àquela clínica Tabajara este ano, obedecendo a outro médico, que prescreveu fisioterapia. Fui lá porque fica perto de casa e o convênio cobre, mas perdi meu tempo e desperdicei a mensalidade do convênio. Por dez dias, esperei um tempão na fila
do choquinho, do ultrassom e do calorzinho, fiz umas isometriazinhas com
bola e caneleira leve, balancei na superficie instável com a maior
facilidade do mundo, e só. Como se meu problema fosse uma inflamação
aguda, sabe? Quando a estagiária da fisioterapia me prescreveu um
agachamento isométrico em séries de 20 segundos, coisa que não fazia nem
cócegas, eu tive certeza de
que ela não tinha a mais vaga noção do que fazer no meu caso.
Não
me perguntaram qual era meu padrão de atividade física. Não fizeram uma
avaliação funcional dos meus movimentos. Não mediram minha força, minha
resistência muscular nem minha flexibilidade. Me diz como é que se
pretende tratar os joelhos de uma pessoa que faz exercícios com pesos,
algumas acrobacias e pedala na rua há pelo menos 20 anos sem avaliar
como essa pessoa faz tudo isso?! Seria o mesmo que tentar resolver o
sobrepeso de uma pessoa sem investigar o que, quanto e como ela come,
certo?
É claro que sempre fiz tudo isso sob a orientação de professores, mas provavelmente não da forma perfeita. Ou você acha que todos os professores que me orientaram estavam prestando atenção em todos os detalhes? Afinal,
existem testes funcionais que as academias não aplicam porque não
querem. Existem protocolos de análise de desequilíbrios musculares que
os professores não aplicam porque não querem - ou não sabem.
Eu acho que os médicos só poderiam matar a charada se estivessem lá, junto com o professor da musculação, junto
com o paciente, avaliando movimentos e capacidades físicas. Por que eles
não estão investigando o que realmente pode trazer respostas? Por que o
professor da musculação não está investigando cuidadosamente o que o
aluno pode estar fazendo de arriscado para suas articulações?
Eu decidi que não vou mais jogar meu dinheiro fora pagando convênio para médico e fisioterapeuta picateta fingirem que estão cuidando de mim. Agora só dou ouvidos a profissionais
especializados em esporte. Custa caro. Mas numa clínica do esporte os médicos, os
preparadores físicos e os fisioterapeutas trabalham todos no mesmo
ambiente, ao mesmo tempo, observando os pacientes com seus olhares
treinados para buscar explicações durante o exercício físico.
Infelizmente, esse tipo de conhecimento está restrito a pouquíssimas
clínicas e a uma nata de profissionais que não se presta a aplicar um
atendimento padrão a pessoas diferentes. Ao que parece, mesmo com a
proliferação de academias de ginástica por todo o país, fazer exercício
com segurança ainda é luxo para poucos.
2 comentários:
Pois é a área da saúde infelizmente está transbordando profissionais picaretas. Não sei o que me perturba mais se é a cara de pau ou preguiça dos mesmos. Imagina só quantas pessoas que não questionam como você estão na mão desses profissionais!
Ah e espero que tenha gostado do trabalho realizado pela Vânia Temporini!
CRM pra que se o diagnóstico é só um CTRL+V?
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