14 de mai. de 2013

Como assim 100% natural?

Vamos combinar que 99 não é 100!


Que eu saiba, 100% quer dizer inteiro, total, absoluto. Mas algumas marcas de alimentos parecem "arredondar" números menores que 100 para fazer seus produtos parecerem melhores do que de fato são. 

Nos Estados Unidos esse tipo de malandragem é bastante comum. Tenho aqui um relatório enorme mostrando a quantidade de mentiras que os rótulos de alimentos contam por lá, possivelmente porque a legislação deles é menos rigorosa que a nossa. 

Veja por exemplo a embalagem desse ketchup importado de lá, servido numa hamburgueria "hype" aqui em São Paulo. Como é que um produto feito com "concentrado de tomates", açúcar, vinagre, sal, cebola em pó, alho em pó e aromatizantes pode ser chamado de 100% natural, me explica? Natural é natural, pô. Não é meio natural, nem quase natural, nem parecido com natural. Acho que nem o próprio tomate fresco hoje em dia pode ser chamado de natural se tiver sido cultivado com agrotóxicos. Vai dizer que catchup industrializado é natural? Sei. 



No Brasil a gente também encontra umas coisas estranhas, sabe? Como não tenho encontrado mandioquinha no supermercado, e nessas noites frias de outono uma sopa cai bem, resolvi experimentar a mandioquinha da Vapza, que vem embalada a vácuo. E olha só o rótulo dela: diz com grande alarde que é 100% natural, sem conservantes e tal. Eu simpatizava com esses alimentos semiprontos embalados a vácuo até atentar para a lista de ingredientes desse produto. 

Além de mandioquinha, que deveria ser o único ingrediente dentro da caixa, o produto contém sal (um conservante natural) e um tal de metabissulfito de sódio. 



Metabissulfito de sódio, segundo a Wikipedia, é um aditivo alimentar usado principalmente como "preservante". Ué. Preservante e conservante não são a mesma coisa? De todo modo, se o produto contém qualquer tipo de aditivo, creio que ele não possa ser considerado 100% natural. 

Escrevi para a Vapza para tirar a teima. Primeiro eles apagaram minha pergunta no Facebook. Mas insisti e mandei a pergunta também por email. Eles responderam o seguinte: 

"Primeiramente agradecemos o seu questionamento e preocupação com a informação. O metabissulfito de sódio, quando empregado com a função de conservante, tem concentração 10 a 15 vezes maior do que a concentração utilizada nos produtos Vapza, em que a função é apenas evitar o escurecimento (antioxidante). A conservação dos produtos Vapza é obtida por meio da tecnologia de cozimento e esterilização a vapor.

O uso do metabissulfito em alimentos é devidamente autorizado pela ANVISA e demais órgãos internacionais. E o limite de concentração de metabissulfito , quando utilizado como antioxidante, é de até 0,02g/100g – 200 ppm – o dobro do empregado pela Vapza. http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/34_01rdc.htm."

Mas eles não responderam minha pergunta sobre dizer que o produto é 100% natural apesar do metabissulfito, mesmo eu tendo perguntado de novo, por email e por Facebook. Era isso que eu tava questionando, saca, Vapza? 

Na falta de mandioquinha fresca, eu usei a versão com metabissulfito de sódio na minha sopa. Mas não sem provar um pedacinho antes de pôr na panela. E vou te falar: o sabor não é igual. Sabe aquele cheiro e aquele gosto deliciosos típicos da mandioquinha? Não estavam ali. O gosto que eu senti era de outra coisa.

Fica a dica então. Leia sempre a lista de ingredientes. 



Um comentário:

Anônimo disse...

O meu comentário para este post vale para todos os outros que estou lendo, ou seja, obrigada por expor essas informações que você tem acesso e entendimento, "trocando em miúdos" para nós leitos, alertando sobre o consumo consciente. Abraço, Raquel.