10 de jan. de 2007

Jantar a dois


Quem teria coragem de brigar com o marido por causa de um jantar preparado à base de enlatados?
Eu tive. Ainda não sei se fui injusta, mas o fato é que me recusei a mandar para o estômago aquele molho de lata misturado com milho de lata, palmito, cebola em conserva e azeitonas. Aos meus olhos, era sal demais para um prato só. E, claro, nutriente de menos.
Ele não entendeu. Reclamou que eu estava criticando uma comida que nem sequer tinha experimentado para checar se estava gostosa. Mas não estou falando de gastronomia, criatura! Estou falando de nutrição!
Ninguém mais falou nada. O clima ficou pesado. Decidi não comer o macarrão com molho e preferi aquecer a omelete e o milho cozido da noite anterior, que eu mesma tinha feito. Comeu bem?, perguntou depois, irônico. Sinceramente, acho que não. Comida requentada nunca é muito boa.
Na noite seguinte, jantei sozinha. Acrescentei uma bolota de queijo cremoso no macarrão da véspera, umas lascas de tomate e um bocado do milho da lata. Tive de admitir para mim mesma que o milho salgado não estava sozinho. O queijo cremoso também tinha lá seus aditivos. E me dei conta de que nem mesmo uma das mais chatas adeptas da culinária natureba consegue escapar dos industrializados em todas as refeições. Quem não é cozinheiro e não sai do trabalho antes do Jornal Nacional acaba se conformando com a agilidade da cozinha rápida, caseira ou de shopping. Pelo menos vez ou outra. Os renomados chefs de cozinha certamente teriam nojo. Minhas entrevistadas Ann Cooper e Alice Waters, que estão revolucionando cantinas escolares californianas ao tirar do cardápio tudo que é junk food, ficariam desapontadas. Não era o que eu queria. Mas, como diria um ex-colega, é o que temos.
Ou estou precisando urgentemente de bons livros de receitas e algum cursinho do ramo?

7 comentários:

CHIC-HANDSOME disse...
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Anônimo disse...

Fran,
vc é uma mocinha má! vou defender o pobre marido que tentou te agradar!!! nem sempre, depois de um dia de trabalho, a gente tá querendo preparar aqueeeele jantar, né?! e feliz de quem inventou a comida enlatada!!! não deve ser um hábito, claro. mas para quem leva uma vida saudável, comer os enlatados de vez em quando não tem problema nenhum. os especialistas sempre dizem que o que não pode é o exagero. e é isso mesmo. comer é bom. quem não se delicia com um pastel de feira ou uma feijuca de vez em quando??!! pra quem tem uma alimentação equilibrada, então, é mega tranquis. comer é um dos prazeres da vida. comer enlatados de vez em quando é um das necessidades da vida.
perdoa ele. e da próxima vez, lamba os beiços e diga "parabéns, amor"!!! e aí vc dá um livro de receitas práticas que não precisam de muito tempo de preparo - e dispensam os enlatados!!
carpe diem!!! até na alimentação!!!
beijinhos
Su

Anônimo disse...

Fran, eu te entendo. Eu, por exemplo, que não sou gorda nem magra -- mas já fui gordinha -- tenho nojo do molho pomarola que a minha sogra acrescenta ao macarrão de molinhas. Ela ainda bota açúcar, pode? Eca.

Anônimo disse...

Longe de mim defender o molho Pomarola, mas a prática de se colocar um pouquinho de açúcar no molho é para retirar a acidez do tomate. Isto é feito, inclusive, nos molhos naturebas, feito em casa com o puro tomate mesmo!

Espero ter contribuído. Bjo!

Anônimo disse...

Oi Fran, menina...você devia colocar a mão pro céu que seu namorado está fazendo algum jantar pra vc! Seja ele de que for!!! rs. Os homens não costumam fazer isso geralmente... Olha que ele desiste e senta no sofá com uma cerveja gritando: "Amor: quê que cê fez pro jantar hoje?" Li todo o blog e fiquei com medo de comer quase tudo que como. E agora?
Beijos.

Francine Lima disse...

Aiaiai... Eu acho que se a gente ficar atenta demais vai parar de comer. Infelizmente não dá pra comer exclusivamente alimentos saudáveis. Quem tenta entra num quadro patológico chamado ortorexia. Ou a gente aceita a vida como ela é - com os devidos cuidados - ou vai plantar batata. Literalmente. E orgânica, claro.

Anônimo disse...
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