Mas a questão principal é se a atividade física nos autoriza a comer mais, como afirma o relatório.
Recentemente, a revista Time e o jornal The New York Times publicaram reportagens sobre um suposto mito: que o exercício emagrece. Nas duas matérias, são mencionados estudos segundo os quais, ao contrário do que se acreditava, adotar uma rotina de exercícios físicos não basta para a perda de peso. E aí vinham histórias de pessoas que suavam à beça na sua malhação intensa e continuavam acima do peso. Descobria-se que essas pessoas não estavam emagrecendo porque... continuavam comendo além da conta. Lógico!
A regra para emagrecer segue a matemática. É preciso gastar mais do que ingerimos. Tirar mais do estoque e repor menos. Exercício emagrece? Depende do que você come, oras. Qual o melhor exercício para ajudar a emagrecer? Aquele que você faz e não abandona, como eu já disse numa matéria da revista.
Será mesmo que os britânicos ou qualquer outra nação estão se exercitando tanto que precisam comer mais do que 2500 calorias? Pode até ser que as pessoas mais ativas precisem mesmo de uma alimentação mais calórica do que se acreditava. Eu mesma fui orientada por uma nutricionista a comer mais de 3000 calorias diárias, mas essa não é uma recomendação muito comum em tempos de obesidade. A mim parece mais provável que um número crescente de pessoas no mundo inteiro já esteja comendo bem mais do que as 2000 ou 2500 calorias, desobedecendo a recomendação atual, e sem se exercitar o bastante.
A questão que se levanta dessa história toda é se estamos sabendo nos guiar pelas recomendações para calibrar nossa atividade física e nossa alimentação diária conforme o funcionamento do nosso corpo. Se eu comer 2000 calorias e continuar malhando como sempre, eu emagreço. Se o ultramaratonista Dean Karnazes comesse 2500 calorias, jamais seria capaz de correr as centenas de quilômetros das provas mais ousadas. As recomendações que os nutricionistas publicam servem para médias populacionais, não para casos particulares. Cabe a cada pessoa – com ajuda profissional, de preferência – avaliar quanto está gastando e quando deve repor ao seu estoque.
(Orininalmente publicado em www.epoca.com.br)
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