20 de fev. de 2013

Cidadania na reunião de condomínio



Para minha surpresa, a reunião de condomínio ontem foi bem melhor do que eu esperava. A frustração das duas anteriores, quase vazias, me levou a, desta vez, bater à porta de alguns vizinhos em busca de mais participantes. 

Não arrastei ninguém para a reunião, mas consegui pelo menos convencer uma moradora a falar mais do que pretendia inicialmente. E o que aconteceu foi que, em meio a risadas, os menos de dez presentes pareceram concordar em algumas ideias que até ontem eu achava que seria difícil emplacar. 


O síndico falou primeiro. Tinha decidido demitir o zelador, um desinteressado que já ocupa a vaga há nove anos. Com isso, o apartamento no térreo em que ele mora com a família ficará livre para o que o condiomínio quiser fazer. Questionei se o novo zelador precisaria morar lá, e o síndico prontamente disse que não. Rapidamente todos na sala já se animavam com a ideia de alugar o apartamento e reverter o aluguel para despesas do condomínio, aliviando um pouco nossa alta mensalidade.

O próximo assunto foi o lixo. Com esse auê gerado pelo incêndio em Santa Maria, os bombeiros resolveram fiscalizar a aplicação de uma regra antiga nos condomínios envolvendo as rotas de fuga. No meu prédio, há quatro latões de lixo por andar: um para lixo orgânico e outro para lixo reciclável  para cada par de apartamentos. Esses latões estão em local irregular, pois ocupam parte da passagem entre as escadas, bem ao lado das portas corta-fogo. Ou seja, teremos de inventar outro lugar para nosso lixo, provavelmente num canto do páteo. Isso me leva a pensar que teremos um  bom novo motivo para reduzir a produção de lixo, para não precisarmos de containeres tão grandes enfeiando a área comum. 

E é claro que cogitamos levar o lixo para onde hoje há uma miniquadra. Trata-se de um espaço de lazer mal construído, que dá vazamento na garagem, e que o síndico quer destruir há tempos. Na reunião anterior, eu sugeri que ali fosse montado um bicicletário, e o síndico achou a ideia péssima, pois deixaria o condomínio mais feio. Pois agora a miniquadra é candidata a nova morada de bicicletas, motos (que também não têm vaga reservada e têm ficado entre os carros) e lixo. Desconfio que, entre lixo e bicicletas, o pessoal já não vai achar as bikes e motos tão feias assim. 

Perguntei se existe algum jeito de os moradores que nunca estão presentes nas reuniões participarem à distância, em algum ambiente digital. O rapaz da administradora do condomínio não conhece nenhum cliente que já tenha feito coisa parecida, mas reconheceu que poderia ser um jeito de aumentar o quórum nas decisões. Enquanto isso, acho que não custa nada tentar reunir e engajar vizinhos num grupo no Facebook. Quanto mais gente participando das decisões de interesse comum, mais democrático será o lugar onde eu moro. Né, Brasil?

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