Belas histórias de vida estão por trás de
novidades no mercado de alimentos
Na semana passada estive no VII Congresso
de Nutrição Clínica Funcional, organizado pela VP Consultoria Nutricional.
Sempre quis ir, mas nunca conseguia. O evento bombou. Assisti a algumas
palestras lotadas, com mulheres de salto muito alto sentadas no chão, e não foi
fácil acompanhar os temas mais complexos. Anotei, gravei e reuni algumas
informações que poderei aproveitar um dia. Experimentei alguns quitutes,
colecionei folhetos. Mas o que eu mais gostei de conhecer foram algumas pessoas
com histórias bonitas para contar. Pessoas que estavam ali não como
profissionais apenas, mas principalmente como cidadãos idealistas, como
pensadores preocupados com a sociedade, como seres humanos que carregam dentro
de si uma crença enorme no poder de suas ações e palavras.
Como o Zeca Baldarena e a Cristiane
Rizardi, do Santo Dom, a empresa de massas sem glúten que eles criaram.
Primeiro experimentei um ravióli, sem quase perceber qual era a diferença na
comparação com uma massa comum. Em seguida, mal comecei a fazer perguntas e os
dois desataram a falar pelos cotovelos, e muito alegremente, sobre de onde veio
a ideia de produzir massas sem trigo e como foi que conseguiram desenvolver
receitas tão boas.
Tanto a Cris quanto o Zeca, segundo me
contaram, trabalhavam em cantina italiana, fazendo massas a base de trigo. Tudo
ia muito bem até que, em datas diferentes, os dois toparam com clientes que
estavam no restaurante acompanhando familiares, mas que não podiam comer suas
deliciosas macarronadas. Primeiro foi a Cris, que não se conformou de saber que
a cliente passava vontade devido à intolerância ao glúten e quis porque quis
achar um jeito de resolver o problema da moça. Depois foi o Zeca, que pediu
licença ao chefe para ouvir todo o depoimento do freguês celíaco, curiosíssimo
para entender como era aquilo e ao mesmo tempo incapaz de conter as lágrimas
diante do tal drama dietético. Ficou verdadeiramente tocado pelas informações
obtidas e aprendeu um bocado. E foi assim que a vida da Cris e do Zeca mudou
para sempre. A ponto de eles abandonarem o trigo em sua própria dieta, em nome
dos benefícios para a saúde alegados até para os não-celíacos.
Zeca, com seus olhos azuis bem abertos, me
disse que ficou tão mergulhado no projeto de desenvolver massas sem glúten que
largou tudo que já tinha construído com base no trigo. Abandonou a produção de
massas tradicionais, perdeu clientes, deixou de ganhar dinheiro e teve de pedir
ajuda à família para pagar as contas até que o novo negócio começasse a andar. Há
poucos meses, ele e a Cris produzem suas massas em Mogi das Cruzes, no interior
de São Paulo, e tentam divulgar a marca em oportunidades como essa, da feira do
Congresso de Nutrição Funcional. É um longo período de investimento antes de
começar lucrar. Mas Zeca está entusiasmadíssimo. Ouviu dizer que a sua massa é
melhor que a que estão fazendo na Itália. Diz que acredita no destino. Acredita
que as coisas dão certo quando têm de dar, quando as pessoas certas estão
envolvidas, e que o que dá errado na verdade não era para acontecer.
O Zeca, assim como outras pessoas que
conheci no evento, descobriu sua missão nesta vida e está apostando todas as
fichas nela. Não sei se a massa do Santo Dom é ou não é melhor que a de outras
marcas. Mas achei importante que eles acreditem no que estão fazendo acima de
qualquer coisa, e estejam focados em fazer o bem. Essa é minha bandeira também.
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