De
acordo com pesquisas de mercado, os consumidores de alimentos saudáveis não estão
todos em busca do mesmo benefício
Agora entendi por que meu namorado não se
tornou tão natureba quanto eu, mesmo depois de ter se convertido ao consumo
mais frequente de saladas, arroz integral e granola, sob minha influência. É
que, de acordo com os seis perfis de consumidores indentificados nas pesquisas
da Health Focus International, eu sou uma discípula, e ele é um investidor.
A revelação se deu ontem, num encontro
entre gente da indústria de alimentos e profissionais de saúde dedicado a expor
estratégias de marketing ligadas à chamada saudabilidade. Interessados em
aumentar seus mercados, os participantes estavam ali para aprender a direcionar
corretamente a formulação de produtos e, principalmente, a comunicação com o
público, de modo a cativar cada perfil de consumidor com a mensagem certa.
De acordo com as descrições feitas por
Steve Walton, da Health Focus International, as novidades em matéria de
alimentos com apelo mais saudável tendem a despertar primeiro o interesse dos discípulos, que são aqueles
consumidores que colocam os benefícios para a saúde acima do sabor e da
praticidade na hora de fazer compras. Eu me identifiquei com esse perfil na
hora, mas não por me sentir atraída por novidades. É que, ao tomar conhecimento
de informações que não tinha antes sobre a relação de determinados alimentos ou
nutrientes com a saúde, eu tendo a querer adotar dali para frente hábitos que
incorporem o conhecimento adquirido. Então, se fiquei sabendo que as verduras
escuras, como a couve e a rúcula, possuem mais nutrientes que as verduras
claras, como a alface, nos almoços seguintes eu certamente me servirei mais de
verduras escuras do que das claras. O que não significa que vou comprar
qualquer industrializado que contenha extrato de verdura escura, por exemplo.
Mas não posso esperar que todo mundo faça o
mesmo. Segundo Walton, nós, os discípulos, somos apenas 9% da população. Entre
nós estão provavelmente muitos vegetarianos, ainda uma minoria que se sente
incompreendida. A maioria das pessoas (48%) seria do perfil gerenciador, gente que está sempre na
correria, preocupada em não pegar trânsito demais para chegar em casa em tempo
de alimentar as crianças. Os gerenciadores dão muita importância para a
conveniência e a praticidade, portanto são os que tendem a dar mais boas vindas
a soluções rápidas para a alimentação, como alimentos prontos para o consumo e
comida para viagem. E comumente sentem-se culpados por não conseguir fazer
melhor que isso.
A segunda maior parcela de consumidores
(20%) tem o perfil curador (no
inglês: healers). São pessoas que buscam alimentos com propriedades específicas
contra determinados problemas de saúde. Entre eles estava provavelmente uma
mulher com quem falei certa vez no supermercado. Ela estava levando uma caixa
de aveia “porque baixa o colesterol”, mas também tinha no carrinho alguns
pacotes de molho de tomate pronto para o consumo, por serem mais baratos que o
tomate in natura (triste).
Há também os batalhadores (no inglês: strugglers), 8% da população, que tendem a
se tornar mais numerosos no Brasil daqui para frente, segundo Walton. Em grande
parte, são pessoas acima do peso que tentam e não conseguem levar uma vida
saudável, pois vão e vêm em dietas mal elaboradas que não duram e não
funcionam. Esses, suspeito eu, provavelmente precisam de uma dose extra de
informação, orientação e estímulo.
Ali, próxima, existe uma elite
minoritária de consumidores que não abrem mão do sabor nem da conveniência,
embora valorizem também a saudabilidade. São os investidores, apenas 3% da população, que estão sempre dispostos
a gastar um dinheiro extra se for em nome de prazeres extras. Aí está meu
namorado. Esse pessoal gosta de produtos premium, novidades importadas, embalagens
elegantes, jantares fartos em bons restaurantes. Agora me diz como é que eu,
uma discípula mão de vaca, concilio as minhas prioridades com a do meu
namorado? Posso imaginar que não é só aqui em casa que conflitos como esse
acontecem...
E, por fim, restam os desmotivados (7% da população), aqueles que ainda estão dando de ombros para o
que dizem sobre alimentação saudável e querem mesmo é porções grandes e queijo
extra por cima da batata frita. Esses nem precisam procurar novidades, pois têm
suas refeições preferidas garantidas em qualquer praça de alimentação de
shopping.
Agora por favor não se envergonhe e comente
aí embaixo qual é o seu perfil e como você consome alimentos, vá?
Obs.: Acho que comi bola e não vi
onde estavam os 5% restantes. Desculpa aí.
Um comentário:
Eu sou um investidor. Porém, tento sempre ter alimentos mais saudáveis em casa na hora de cozinhar. Inclusive mantenho uma pequena horta de temperos em casa, para evitar usar industrializados. Gosto de banquetes, mas tento equilibrar as coisas no dia-a-dia. Faço meu café da manhã o mais completo possível, com frutas, coalhada, sucos (de preferência feitos na hora) e algum pão. Infelizmente, no corre do dia, comer na rua é inevitável, e aí saber o que colocam na sua comida é um mistério.
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